quarta-feira, 30 de abril de 2014

Sofá cinza

Quando estávamos naquele sofá cinza não temíamos nada, nem bala perdida, pois sabíamos que ninguém, nem mesmos os tiros, poderia nos achar ou atrapalhar enquanto a gente estava em busca de misturar nossos corpos e faze-los caber em nossos amores e desejos. A gente se sentia invisíveis, invencíveis. A gente era, naturalmente, o que mais sonhávamos ser.

Quando estávamos lá, disputando aquele delicioso espacinho do sofá cinza, esquecíamos, mesmo sem querer, tudo aquilo que queríamos antes de nos encontrar por lá. Quando a gente combinava de se encontrar, a gente já sabia, que aquele era o nosso momento de tirar os pés chão e viajar pelo infinito, dançando sobre as estrelas e deitados sobre a lua. Nu de coração e alma. Nada podia nos parar, separar. Esquecíamos do tempo, das razões, dos outros, do passado, futuro e do mundo. O sofá cinza era mais ou menos um teleporte ao infinito. Ou talvez esse sofá cinza era nada, além do tudo que a gente era quando estávamos juntos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário