terça-feira, 15 de abril de 2014

Presa nas ferragens

Sozinha eu posso te ver melhor. Me isolando um pouco dentro de meu próprio coração, desta maneira eu posso te ver melhor. E quando o sol se vai, eu ainda estou procurando o teu fio de cabelo em meus pertences, eu nem mesma sei, já perdi as contas, de quantas vezes procurei teu fio de cabelo em meu travesseiro, procurei naquelas blusas que usei naqueles nossos dias, eu procurei por todo o chão do meu apartamento, procurei por todos os cantos que por um momento já pertenceram aos teus passos, como um rastro, eu procurei. E eu percebi que aqueles filmes que eram bons, não são mais tão bons sem ti aqui. Um dia, uma semana, um mês, um ano, sem ti, não existem pois tu esta sempre comigo. Eu gostaria de dizer que eu poderia atravessar o mundo por ti, e sentimentalmente eu posso, eu faria, mas a realidade é outra, envolve mais do que sentimento. Junto dinheiro para poder financiar viagens, idas e vindas. Eu gostaria mesmo de dizer que estou indo mas que vou atrasar 10 minutinhos para poder te comprar uma flor; na mão esquerda uma rosa e na outra um cartão com um desenho de lua, desculpe o cartão molhado, acabei enxugando as lágrimas com ele na mão com medo de solta-lo. E nessa viagem, to vendo as montanhas, lembrando que quanto mais você me perde, mais você me ganha. E o que eu senti com as tuas palavras ontem foi foda, eu não queria ter me afastado, mas eu não tenho um manual, e o que a gente faz quando o que nos machuca é aquilo que mais amamos? eu não tenho um manual, e então eu me retiro para cuidar do meu coração que já foi judiado demais. Esta chovendo, e eu queria que você soubesse que acho que essa chuva é reflexo de meu interior. E foi pensando nisso que me joguei pra cá, para ver se quando eu te encontrar eu faço esta chuva parar. Sou sonhadora demais, e há uma dor, uma estranha dor maior que saudade, maior que amor, de poder ter certeza de que não era verdade o que você disse. Mas talvez eu seja só uma menina com uma rosa na mão. A cada segundo a chuva aumenta. A cada um minuto que durmo, eu acordo quarenta. Janela embaçada tampando minha visão, fecho os olhos e da até para sentir tua respiração, e este é o silêncio do meu quarto sem ti, culpa desta distância que me impede de estar contigo, que me impede de mostrar que o dinheiro está pouco mas que o amor é muito e que a alegria não tem preço. Há momentos em que eu aproveito tempos para pensar no casamento, não vou mentir, eu penso mesmo, eu projeto, planejo. Mas enquanto passo tempos pensando no casamento, tu passa tempos pensando em como terminar um relacionamento que foi rotulado por ti como "erro", mas ah, talvez o amor seja incompreensão as vezes também, é, é isso, tudo bem. Depois da noite mal dormida, acordei mais cedo para dar continuidade ao segredo de uma surpresa sendo detalhadamente bolada. Tento chamar teu nome mas a minha boca nem abre. Barulho de chuva. Janelas embaçadas. Escuridão. E o teu rosto é sem pensar, a primeira imagem que me vem a mente. Agarro forte a rosa pensando em como eu não sabia do quão longa esta viagem seria. Toca o celular, é você me mandando mensagem, e eu presa nas ferragens do meu coração, sem me mexer, perdendo as forças. Sei que você me escreveu, mas fecho os olhos sem saber o que.

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